Fecundação, Desenvolvimento embrionário e gestação:
A fecundação ocorre nas Trompas de Falópio.
Nas Trompas de Falópio vários espermatozóides rodeiam o oócito II. Um dos
espermatozóides atinge a zona pelúcida, que tem uma proteína (ZP3)
receptora dos espermatozóides, ligando-se a uma molécula complementar na
superfície da cabeça do espermatozóide.
A ligação da cabeça do espermatozóide com a molécula receptora induz a
libertação do conteúdo do acrossoma – reacção acrossómica. As enzimas
proteolíticas permitem que a cabeça do espermatozóide atinja a membrana
citoplasmática do oócito e as duas membranas fundem-se. Esta fusão causa a
despolarização da membrana do oócito.
Os grânulos corticais do citoplasma do oócito libertam o seu conteúdo por
exocitose para fora da célula, aumenta assim o espaço perivitelino que funciona
como uma barreira à polispermia.
Quando ocorre a entrada da cabeça do espermatozóide o núcleo do oócito
completa a segunda divisão da meiose, dando origem ao segundo glóbulo
polar e ao pró-núcleo feminino, que se desloca para o centro do óvulo. O
núcleo do espermatozóide aumenta de tamanho e transforma-se no pró-núcleo
masculino.
A fusão dos dois pró-núcleos origina o zigoto.
Até às 8 semanas de gestação formam-se os principais órgãos e o novo ser
humano designa-se embrião. A partir daí designa-se feto.
6 a 7 dias após a fecundação, o embrião implanta-se no endométrio uterino
onde continua o seu desenvolvimento – nidação.
As etapas do desenvolvimento embrionário são:
1. Segmentação: divisões celulares sucessivas que não são acompanhadas
pelo crescimento das células. As primeiras divisões originam uma esfera
compacta de células, a Mórula. Posteriormente, surge uma cavidade no
interior e forma-se uma esfera oca, o Blastocisto - cada célula que o
rodeia é um Blastómero, a cavidade é o Bastocélio e a camada de células
que o rodeia é o Trofoblasto. Nesta etapa, todas as células do embrião
são pluripotentes.
Sete dias após a fecundação o Blastocisto implanta-se no útero – e a
Nidação.
O Blastocisto produz uma hormona, a Gonadotrofina Coriónica Humana
(HCG) que impede a degeneração do corpo amarelo e a consequente
expulsão do endométrio.
2. Morfogénese: As células do Blastocisto rearranjam-se e formam a
Gástrula, que é um embrião com 3 Camadas Germinativas: endoderme
(origina o revestimento do tubo digestivo, o fígado, o pâncreas e os
pulmões), ectoderme (origina sistema nervoso) e epiderme (origina pele
e órgãos dos sentidos), a mesoderme desenvolve-se no esqueleto,
músculos, sistema circulatório e reprodutor.
3. Diferenciação Celular: As interacções entre as células embrionárias
induzem alterações nas expressões dos genes em diversos sentidos –
indução embrionária.
Anexos Embrionários:
• Âmnio: membrana protectora fina que cresce à volta do embrião durante
a terceira e quarta semanas, acabando por o encerrar num saco
membranoso, o saco amniótico, onde se encontra o líquido amniótico.
Amortece contra choques mecânicos, protege o embrião da dessecação e
mantém a temperatura constante.
• Placenta: Disco achatado que envolve a cavidade uterina e através do
qual se verificam trocas de nutrientes, gases e resíduos entre o sangue
materno e o do embrião ou feto. A Placenta tem origem mista e é
formada à custa do córion do embrião e do endométrio uterino. Na nidação, os prologamentos do trofoblasto (as vilosidades coriónicas) mergulham no endométrio uterino cujos vasos sanguíneos sofrem
disgestão enzimática, originando as lacunas cheias de sangue. Uma fina camada de células separa o sangue materno (que se preenche nas lacuna de sangue) do sangue do embrião ou feto que circula pelos capilares
sanguíneos das vilosidades coriónicas. É através desta camada que se efectuam as trocas, sem que se verifique mistura de sangue.
A Placenta produz hormonas responsáveis pela manutenção da gravidez
- como o embrião jovem começa logo a segregar HCG, impedindo a
degeneração do corpo amarelo, mantendo portanto a concentração de
estrogénios e de progesterona, o endométrio mantém-se; a Placenta, uma
vez formada, substitui o corpo amarelo na produção de estrogénios e de
progesterona e o corpo amarelo degenera em função da diminuição da
HCG. É por isso que é possível detectar a gravidez por testes de urina,
pois o embrião jovem produz HCG que é detectada na urina.
• Cordão Umbilical: É constituído por duas artérias e uma veia,
envolvidas por tecido conjuntivo. Estabelece a ligação entre o sistema
circulatório do embrião e a placenta.
• Saco Vitelino: Surge na segunda metade de desenvolvimento. Produz o
sangue do embrião até que o fígado comece a funcionar. Uma parte do
saco vitelino transforma-se no tubo digestivo e outra é integrada no
cordão umbilical.
• Alantóide: Aparece durante a terceira semana, inicialmente é
responsável pela formação de células sanguíneas do embrião e mais
tarde dá origem às artérias e à veia do cordão umbilical.
A progesterona é responsável pela manutenção do endométrio uterino e os
estrogénios expandem o útero. Estas duas hormonas actuam também na
maturação das glândulas mamárias.
No final da gestação o feto produz oxitocina, assim como a hipófise posterior
(mecanismo de retroalimentação positiva).
Ocorre também a diminuição da concentração de progesterona ao nível do
miométrio, o que conduz ao domínio de estrogénios. A dominância de
estrogénios leva à contracção dos músculos uterinos, favorecendo a deslocação
do feto para o colo do útero. A pressão exercida pelo feto no colo do útero
estimula o hipotálamo a estimular a hipófise posterior a produzir também
oxitocina. A oxitocina estimula as contracções do miométrio, que aumentam as
contracções a novamente a produção de oxitocina, até à expulsão do feto.
Após o nascimento e a eliminação da placenta, as concentrações de estrogénios
e progesterona diminuem, o que estimula a secreção de prolactina pela
hipófise anterior. A prolactina actua ao nível das glândulas mamárias,
estimulando a produção de colostro (rico em proteínas e anti-corpos) nos
primeiros dias e leite, que tem início 2 a 3 dias após o parto. Durante o
aleitamento, as mamadas do bebé estimulam a libertação de oxitocina e de
prolactina pela hipófise. A oxitocina estimula a contracção das células que
rodeiam os alvéolo mamários e a libertação do leite, enquanto que a prolactina
estimula a produção do leite da refeição seguinte.
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